Na Colônia de Pescadores Z-3, o momento é de preparação para a safra do camarão que está próxima. O período, que é considerado o mais importante para a região, inicia no dia 1º de fevereiro e vai até 31 de maio. Com a Lagoa dos Patos em nível baixo, os pescadores estão animados e esperançosos por uma boa safra.

Com o clima favorável para o desenvolvimento do crustáceo, a expectativa é que sejam alcançadas duas mil toneladas de camarão, segundo o presidente do Sindicato dos Pescadores da Z-3, Nilmar Conceição. Ele conta que a quantidade é a mesma de anos anteriores e não descarta a possibilidade de ser ainda mais, ou até menos. "Tem muitos elementos que estão levando para uma boa safra, mas pode chover, pode o camarão sair antes, podem acontecer tantas coisas. Então a gente não sabe", explica.

Mesmo com uma boa expectativa, Rudinei Rodrigues, 46, diz que ainda é preciso "esperar por São Pedro" para saber o que vai acontecer até o final da safra. Atualmente, o pescador está preparando a embarcação e as redes para a pesca. "O camarão ainda está muito miúdo. Talvez se chover um pouco possa dar uma melhorada, porque a lagoa está salgada demais", comenta. Ele ainda explica que não é necessária muita precipitação, apenas "uma aguinha só" para resolver o problema da salinidade.

Fomento à economia local

Ainda sem um valor definido, Conceição adianta que o quilo deve ficar entre R$ 10,00 (com casca) e R$ 30,00 (limpo). No entanto, o preço vai depender da procura. "No mínimo R$ 10,00, porque o custo de vida, petróleo, tudo aumentou. Menos que isso não dá nem para conversar sobre o preço do quilo do camarão", comenta. Atualmente cerca de 80% do crustáceo pescado em Pelotas são enviados para outros Estados através de empresas que fazem a aquisição do alimento.

Além dos pescadores, o presidente do Sindicato destaca que a safra também gera postos de trabalho para pelotenses de outros bairros que encontram uma oportunidade de emprego temporário, seja para fazer a limpeza do camarão, a comercialização, a pesagem, ou desempenhar outras funções que são abertas. Até mesmo pessoas de São José do Norte, Rio Grande e São Lourenço do Sul são beneficiadas durante o período.

Mas não é somente o camarão que movimenta a região neste momento. Até o dia 31 de maio, também está liberada a pesca da Tainha.

Feiras pela cidade

Para dar apoio aos pescadores da cidade, a prefeitura de Pelotas está organizando atividades para a comercialização de pescados em pontos do município. "Teremos 50 feiras permanentes de pescadores, sendo 25 já de início, que pertencem a uma associação, e depois, em um momento que antecede a Páscoa, serão mais 25 feiras. Dessa forma, serão pelo menos 50 bancas para comercializar o camarão e o pescado", explica o secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel. A programação com os dias e locais será divulgada em breve.

Em Pelotas, atualmente cerca de 800 pescadores estão licenciados para atuar na Z-3. "Nem todos vão pescar camarão, provavelmente, mas esse é o maior número que nós temos. Então a gente imagina que vai ter uma safra bem positiva, de boa produção, e, se continuar assim, talvez seja uma das maiores", afirma Seidel.